A liturgia de hoje nos lembra que a Igreja não é composta por "justos", mas por pecadores, que precisam do perdão de Deus e dos irmãos. E as Leituras nos mostram um Deus de bondade e de misericórdia, que detesta o pecado, mas ama o pecador.
A 1ª Leitura apresenta a história de DAVI PECADOR. (2Sm 12,7-10.12) Davi cometeu adultério com a mulher de Urias. Quando soube que a mulher estava grávida, mandou colocar Urias no lugar mais perigoso da batalha, onde acabou morrendo. O Profeta Natan denuncia o Rei desse crime e anuncia os castigos de Deus contra ele e a sua família. O Rei reconhece humildemente seu erro. Deus condena o pecado, mas não abandona o pecador. Dá sempre a possibilidade de recomeçar. Na fraqueza, Davi teve humildade em reconhecer o seu pecado e confiança na bondade de Deus que perdoa.
A 2ª Leitura destaca que, pela fé em Cristo, somos justificados e libertados. (Gl 2,16.19-21)
O Evangelho narra a História da MULHER PECADORA. Só Lucas narra esse episódio. É o evangelho da misericórdia. (Lc 7,36-8,3) Jesus aceitava com alegria os convites para fazer refeições nas famílias. De repente aparece uma mulher intrusa. Ela enfrenta a condenação dos "bem comportados". Não fala nada. Suas lágrimas e o perfume precioso falam por ela. O gesto tocou o coração de Jesus. Por que procurou Jesus? Provavelmente já conhecia Jesus. O Mestre devia tê-la impressionado profundamente. O seu olhar era diferente dos que a olhavam com interesse para aproveitar de seu corpo e sua beleza ou dos que a desprezavam ou a condenavam.
Há situações semelhantes ainda hoje, em nossas comunidades? Sabemos que a Igreja não é formada de "justos", mas de pecadores que foram perdoados e necessitam SEMPRE do perdão de Deus e dos irmãos.
Há alguma coisa que o mundo destruiu em nosso coração, algo que possuímos em nossa primeira infância e do qual depois nos libertamos como de um peso: a capacidade de admitir que todo homem tem em si a possibilidade de renascer para o bem, de converte-se.
Julgamos as pessoas sem apelação. E, quando uma delas pratica um ato que não entra em nossas previsões, imediatamente nos perguntamos qual a vantagem que daí podemos tirar.
Nossa desconfiança deseja que ninguém mude em torno de nós; aquele que alegra não chore nunca e aquele que sofre não aprenda uma canção; que o bom nunca tenha um instante de queda e que o mau permaneça prisioneiro de seu ódio. Não cremos na conversão dos outros.
Se a lei de Deus e as leis dos homens provêem graus para o castigo, nossa lei só conhece um: a sentença de condenação sem possibilidade de anistia. Temos medo de nos convertes.
O Evangelho, isto é, a Boa-Nova pregada por Jesus, não faz distinção de pessoas, sob qualquer aspecto; ao contrário, questiona princípios que estabelecem desunião e prerrogativas que não estão nos planos de Deus nem na natureza humana. Homem-mulher são duas expressões de um único mistério, de uma única missão, de uma única ralidade: Deus-Amor.
Rachel Malavolti
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