Celebramos hoje a festa da Santíssima Trindade, essa festa não um convite para decifrar o "Mistério", que se esconde por detrás de "um Deus em três pessoas", mas uma oportunidade para contemplar nosso Deus, e purificar o nosso coração das falsas idéias de Deus. O Deus cristão não é solitário, é amor, é família, é comunidade e criou os homens para os fazer comungar nesse mistério de amor. Não é fácil falar de Deus... pela sua grandeza, pela nossa pequenez e pela idéia que nos passaram na infância, de que esse "Mistério" é uma coisa difícil que não podemos entender. Esse Mistério é tão sublime que nunca poderemos compreender em plenitude, mas podemos e devemos crescer no seu conhecimento. A própria Bíblia é uma contínua e progressiva revelação de Deus. E esse Mistério só foi revelado pelo próprio Cristo.
A 1ª Leitura mostra um Deus compassivo e misericordioso. Deus se revela no "Monte" escondido na "Nuvem". Deus é um Pai que cuida com ternura de seus filhos, entende seus erros e os ama em qualquer circunstância, também quando pecam. Moisés intercede pelo povo, que se afastara de Deus e da Aliança. "Deus misericordioso e clemente, paciente e rico em bondade e fiel. Perdoa os nossos pecados. Caminha conosco..." E Deus renova a Aliança com Israel.
A 2a Leitura mostra um Deus próximo, "conosco". Paulo saúda os primeiros cristãos com uma fórmula trinitária, que repetimos ainda hoje no início das Missas: "A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco". (2Cor 13,11-13)
Essa saudação atribui a cada pessoa da Trindade um dom ou uma função, embora toda ação salvadora seja comum na Santíssima Trindade:
- O PAI é aquele que tomou a iniciativa de salvar os homens, destinando-os a uma felicidade eterna, na sua família;
- O FILHO é aquele que realizou essa obra de salvação, com a sua vinda ao mundo e a sua fidelidade até a morte;
- O ESPÍRITO, o Amor que une o Pai com o Filho, é aquele que foi infundido no coração de todos os cristãos no Batismo.
O Evangelho mostra um Deus que salva. Deus não é um ser solitário, mudo, fechado num eterno silêncio, mas por ser trino é amor.
- "Deus amou de tal forma o mundo que lhe DEU O SEU FILHO unigênito..."
- "Deus não o enviou ao mundo para JULGAR, mas para SALVAR".
- "Quem não crê, JÁ ESTÁ CONDENADO".
Segundo João, o juízo será feito AGORA pelo próprio homem, toda vez que acolhe ou recusa a proposta de salvação que Deus lhe faz.
Por que essa Festa?
Não é tanto para desenvolver a doutrina da Trindade, mistério central de nossa fé e de nossa vida cristã, mas um momento para relembrar de onde viemos e a comunhão que devemos restaurar em nós, para sermos de fato a sua imagem e semelhança.
Somos chamados a ser reflexos da Santíssima Trindade, sinais de comunhão, de partilha e esperança, num mundo tão dividido, individualista e desesperançado.