Natal é uma festa especial, um dia de encanto e magia. É uma festa diferente, porque envolve a totalidade da vida. Na Igreja, o Natal é preparado pelas semanas do advento. Na sociedade, é badalado por semanas de propaganda e comércio. A rica simbologia dessa festa confunde Jesus com Papai Noel, iguala manjedoura com presépio, nivela os pobres José e Maria com todas as mães e pais que sustentam suas famílias, identifica os magos do Oriente com as pessoas que trocam presentes e votos de Feliz Natal. No nascimento de Jesus, o céu e a terra se abraçam, sagrado e profano se fundem, Deus e humanidade se identificam. Tudo porque Deus se encarnou, a divindade se humanizou, o criador se fez criancinha.
Quem não se comove diante do nascimento de uma criança? Cada nenezinho que nasce é um sinal de que a vida não pára. Cada mãe e cada pai que geram uma criancinha garantem que Deus continua amando a humanidade. Cada família que se respeita e se ama é a certeza de que o Natal é aqui e agora. Deus quer manter a sua comunicação conosco. O Natal é um momento próprio para sintonizar essa comunicação divina. Jesus deseja nascer em seu coração. Maria e José batem à porta de sua casa. A família de Nazaré pede licença. Não há lugar para eles na hospedaria. Eles querem hospedar-se com você. Você vai acolhê-los, não vai?
Acolhida é um dos gestos mais nobres do ser humano. Ser rejeitado, ao contrário, é uma experiência muito triste. Pois bem, Jesus foi acolhido por Maria e por José. Mas foi rejeitado por Herodes e pelos grandes da época. Jesus foi acolhido pelos pastores e pelos pobres. Mas foi rejeitado pelos nobres e poderosos, que se sentiram ameaçados. Por isso mesmo, teve de nascer numa gruta, rodeado pelos animais. Recebeu o carinho da mãe e do pai que o amaram profundamente. Nesse amor que gera vida está a essência do Natal.
As leituras deste dia são otimistas. Revestem-se até de um clima de glória, porque nasceu Jesus, o salvador, o messias, o senhor.
Na primeira leitura, Isaías proclama formosos os pés do mensageiro que anuncia a paz. Sobre a cidade de Jerusalém, que era um montão de ruínas, Deus volta a reinar. O clima é de alegria e regozijo. O ideal do profeta é uma sociedade na qual reis e governantes são orientados por um projeto divino. Por isso proclama que só Deus é rei. Se Deus é o único Senhor, todos os demais devem estar a seu serviço. Quando as pessoas deixam Deus entrar em suas vidas, expulsam a corrupção e a injustiça. Como o nosso país necessita, neste Natal, da proclamação de Isaías: “O teu Deus reina”!
Na segunda leitura o menino de Belém é a palavra definitiva de Deus para a humanidade. Deus se comunica de muitos jeitos, mas o seu modo privilegiado de falar é por meio de Jesus. Quem quiser conhecer o Pai, olhe para o filho. Jesus é o melhor recado de Deus para nós. Ele é a primeira palavra do Pai. A leitura afirma ainda que Jesus é o primogênito, isto é, nosso irmão mais velho. Diz também que ele é o herdeiro de todas as coisas. Nesse Jesus todos nós somos filhos de Deus e, portanto, co-herdeiros. Em nossa cultura, Jesus passou a ser o centro da história. Dividimos a contagem do tempo em antes de Cristo e depois de Cristo. Só ele é capaz de dividir o antes e o depois. A festa de Natal foi fixada em vinte e cinco de dezembro, porque esse era o dia da festa do sol. O menino Jesus passa a ser o sol da humanidade. Ele é a verdadeira luz que veio ao mundo, dirá o Evangelho.
Deus é luz, porque se fez um de nós. Na criancinha do presépio qualquer pessoa se identifica. Ali, na manjedoura, qualquer um de nós pode se espelhar. Ninguém chegou à idade adulta sem ter passado pelas fraldas e mamadeiras. Talvez por isso mesmo o Natal fala tanto às crianças. E também por isso, certamente, são tão doces as lembranças dessa festa.
No Natal, Deus e a humanidade se encontram. Isso porém só é possível porque Deus se encarnou, ou, como diz o evangelista João, Deus armou sua tenda entre nós. Deus assume a condição de criança, para que as crianças possam ser como Deus. Em outras palavras, Deus se humaniza para que o ser humano se divinize. Deus se sintoniza conosco para que nos sintonizemos com Ele. Eis o grande mistério do Natal: Deus conosco e nós com Ele.
O menino de Belém é filho de Maria, como é filho de Deus. Ele é a luz que vence as trevas. Ele é a vida que derrota a morte. Enquanto houver Natal, pois, há alegria. Enquanto se celebra essa festa, há esperança. Enquanto Deus está conosco, Ele acredita que nós estamos com Ele. Podemos desejar, com certeza:
Feliz Natal.
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