Vivemos um tempo de noite escura. A festa do Natal nos encontra perplexos neste ano. Quantas famílias chegam ao natal chorando a perda de pessoas queridas em acidentes, violência. Quantos e quantas andam na escuridão e ainda habitam nas sombras da morte.
Mais uma vez a Palavra de Deus nos encontra em meio à nossa noite e nós, como no tempo do Profeta Isaias podemos ver “uma grande luz”, podemos viver a alegria da vitória sobre o jugo que nos oprime e sonhar com um tempo no qual “botas de tropa de assalto e trajes machados de sangue”, tudo será queimado, devorado pelas chamas.
A voz do anjo aos pastores e a todos nós, reunidos para celebrar o Natal 2010 anuncia “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um salvador, que é o Cristo Senhor”. Para os pastores, o sinal era um recém nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura. Será que este sinal tem para nós, ainda hoje, a força de uma Boa Nova?
A noite luminosa deste natal nos faz vencer o medo, mas é necessário deixar-se envolver por ela e prestar atenção aos sinais da luz. Entre todos o mais luminoso é o “recém nascido”. A Boa Nova que o anjo anuncia aos Pastores é que este menino não é uma criança qualquer: é o conselheiro admirável, Deus forte, pai dos tempos futuros, príncipe da paz, anunciado pelo profeta Isaias.
Jesus Cristo, o Messias tão esperado para realizar as profecias, assumiu a história humana. Desde que o mistério da encarnação trouxe o amor de Deus para o centro da humanidade, toda criança torna-se um sinal que nos convida a ver a força escondida na fraqueza evidente, a ação da vida vencendo a morte, a esperança no lugar do medo e do desespero.
“Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados”! O hino de louvor entoado pelos anjos realiza o sonho de todos nós.
Que neste natal este hino ecoe em nossa vida, transborde em nossas casas e comunidades. Ainda hoje o natal é a festa da luz e do Deus que salva e está no meio de nós. Acolhamos o convite de Paulo a abandonar a impiedade e a viver com equilíbrio, justiça e piedade tornando vivo e presente o mistério da luz que brilha em nossas noites escuras.
Contemplando a simplicidade que Deus escolheu para fazer morada entre nós, aprendamos dele o caminho dos mais simples. No “não lugar” de Belém, sinal da exclusão e da fragilidade de Deus, acolhamos o desejo de Deus que o procuremos “do lado de fora”, à margem, em lugares surpreendentes e inesperados. Foi este lugar que Deus escolheu para a encarnação de seu filho e será este o lugar onde veremos brilhar a luz que ilumina nossas noites e nos faz vencer o medo.
A todos que celebram o mistério do Deus-conosco, um santo e feliz natal!
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